Problema na ATM: o que está por trás?
Sua cabeça dói com frequência? Você ouve um clique ou um barulhinho de areia ao abrir e fechar a boca? Sua mandíbula trava ou se desloca às vezes? Você escuta um zumbido com frequência? Sente dor de ouvido ou ao redor dele? Se disse “sim” para mais de uma dessas perguntas, fique atento: pode ser que você tenha disfunção temporomandibular, ou simplesmente DTM. Mas não se desespere. Um cirurgião-dentista pode ajudar.
Para que você possa entender melhor a DTM, antes precisamos explicar o que é a ATM, a articulação temporomandibular. Uma das articulações mais complexas do corpo humano, ela é a responsável por ligar a mandíbula ao osso temporal do crânio, que fica à frente das orelhas, nas laterais da cabeça. Por ser flexível, essa articulação possibilita que você mova a mandíbula para frente, para trás e para os lados. Mais do que isso, permite que você possa falar e mastigar.
Os músculos da mastigação são os encarregados de controlar a posição e o movimento da mandíbula. Quando um problema impossibilita o funcionamento adequado desse sistema, temos a DTM.
A disfunção afeta milhares de pessoas, de qualquer idade, sexo ou raça, embora acometa principalmente as mulheres na idade adulta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a dor de cabeça atinge mais de 80% das mulheres em idade fértil, contra 65% dos homens. Será apenas coincidência? Não é o que parece: para cada quatro mulheres, apenas um homem é atingido pela DTM.
Uma das queixas mais frequentes nesse contexto é a dor, que pode se manifestar na face, no ouvido, no fundo dos olhos, na cabeça ou no pescoço. Estalos na articulação da mandíbula, sensação de entupimento no ouvido e até mesmo tonturas podem ocorrer também.
A DTM é um problema multifatorial. Acidentes, quedas nas quais a mandíbula ou o rosto foram lesionados, estresse, tensão muscular e até mesmo a postura podem influenciar em seu desenvolvimento. Além disso, existem outras condições que contribuem para o transtorno, caso de predisposição genética, hábitos como roer unhas ou mascar chicletes constantemente e o bruxismo (quando a pessoa range os dentes durante o sono).
É importante ressaltar que a DTM também pode acontecer devido a doenças sistêmicas como artrite reumatoide, fibromialgia, câncer, entre outras. Por isso, dores faciais em geral, mas principalmente aquelas frequentes, merecem atenção redobrada e uma visita a um especialista para que outros males sejam descartados.
Desde 2002, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) reconhece a Disfunção Temporomandibular e a Dor Orofacial como uma especialidade à parte. Por isso, o cirurgião-dentista é o profissional mais adequado para flagrar e tratar o distúrbio. O diagnóstico da DTM é complexo e muitas vezes os sintomas podem estar relacionados a outros problemas. Não existem testes padronizados para a detecção. Na maioria dos casos, o profissional realizará exames físicos para verificar a dor, além de examinar os músculos responsáveis pela mastigação. Exames de imagem como raio-x, tomografia computadorizada e ressonância magnética da mandíbula podem ser solicitados para complementar a investigação.
Apesar de ainda não existir cura para a DTM, há tratamentos que diminuem consideravelmente os sintomas. Essas abordagens variam de acordo com o tipo de dor e a complexidade. Tratamentos menos invasivos são sempre a primeira escolha. Métodos de terapia física como a utilização de calor, ultrassom, laser e eletroestimulação podem ser utilizados. E placas de mordida e outros dispositivos intraorais, quando bem indicados, ajudam bastante.
Não é raro que ocorra também a recomendação de medicamentos anti-inflamatórios ou relaxantes musculares. Em alguns casos, quando se confirmam dores musculares crônicas, podem ser prescritos remédios antidepressivos e anticonvulsivantes para auxiliar no controle do desconforto.
Técnicas menos convencionais como as de relaxamento também ajudam a controlar a tensão muscular na mandíbula. Em algumas situações, a toxina botulínica pode ser empregada, mas sempre com muito critério. A cirurgia é recomendada em cerca de 4 a 5% dos casos.